O boom da cartomancia "fast food"
- Reduto Místico

- 11 de ago.
- 4 min de leitura
Atualizado: 25 de ago.
Como encontrar um cartomante profissional em meio ao caos digital.
Você já notou como assuntos místicos ganharam mais espaço nas mídias nos últimos anos? Está em todo lugar: redes sociais, estampas de roupas, programas de TV, cinema, séries, novelas e até games.
As pessoas têm se interessado mais por espiritualidade. Assuntos como oráculos, Tarot, astrologia, quiromancia, mediunidade, projeção astral, limpeza energética entre outros. Será apenas uma impressão? Fui pesquisar no Google Trends e comprovei que alguns termos, como “baralho cigano”, tiveram um aumento de mais de 200% desde 2005. Creio que a pandemia acelerou ainda mais esse movimento. Isolamento social, desemprego, luto... tudo isso levou muita gente a buscar entendimento sobre questões além da matéria.



Por um lado, existem aspectos positivos nesse crescimento.
a normalização das profissões e atividades místicas;
mais gente estudando, se profissionalizando e ajudando quem precisa por meio desses conhecimentos;
a construção de um futuro com menos preconceito, em que o oraculista possa ser respeitado como qualquer outro profissional. Quem sabe um dia?
Mas por outro, vem os alertas. Nem tudo que reluz é ouro.
A facilidade de comunicação das redes sociais vira mais um palco para golpistas e charlatões, que querem lucrar com a modinha. Pessoas que se dizem "cartomantes", "videntes" e "tarólogos", mas não têm um pingo de conhecimento e experiência no assunto. Gente que promete solucionar a sua vida com serviços milagrosos e rituais macabros, como amarrações amorosas e, em alguns casos, até sacrifício de animais.
Agora aparecem até celebridades, que nunca tocaram no assunto, falando de Tarot e mapa astral como se fossem especialistas.
Será que basta ler uma wikipédia para ser cartomante? Ler um resuminho na internet durante o final de semana e ter um baralho? É isso que chamo de cartomancia fast food. Conteúdos ultrarrápidos e superficiais, que dão a ilusão de conhecimento, mas não ensinam de fato.
Um médico não se forma em um mês. Uma graduação não dura algumas semanas. Por que seria diferente com cartomancia?
E, para piorar, a promessa de dinheiro fácil reforça essa banalização. Esses dias mesmo vi um anúncio no Instagram prometendo que você pode "faturar 5 mil reais em apenas 30 dias com Tarot". E olha que esse ainda foi modesto. Já vi campanhas de marketing garantindo que qualquer pessoa pode aprender Tarot do zero e ganhar 50 mil reais em apenas um mês de presença nas redes sociais.
Enquanto isso, profissionais éticos, com anos ou décadas de estrada, são sufocados pela multidão. Porque não sabem viralizar, porque não entendem os truques do algoritmo.
Hoje, todo mundo quer tirar uma cartinha. Todo mundo é médium. Todo mundo é bruxo(a). Todo mundo quer ganhar dinheiro rápido na internet. Mas toda modinha passa. Até lá, como escolher um bom profissional para te atender? Ou mesmo um guia para te ajudar nos estudos?
Eu já estive do outro lado. Como consulente, vivi boas e más experiências em consultas. Por essa razão, quero compartilhar algumas dicas.
1. Pesquise o profissional
Quem é essa pessoa? Seu rosto? Trajetória? Abordagem?
Quais valores transmite?
Como se comunica com o público? O conteúdo é autêntico ou parece tudo repostado?
Teste o atendimento. Entre em contato e veja como te responde. Demora dias? É grosseira? Ou empática e detalhista? Isso diz muito sobre como será a consulta.
2. Não se encante por números
Fama, quantidade de seguidores ou métricas de engajamento não são garantias de conhecimento.
Existem outros fatores possíveis por trás de uma conta viral. Sorte, timing, compra de seguidores, falar baixaria ou simplesmente entender como funciona o algoritmo. Meu sobrinho de 10 anos fez uma montagem aleatória de uma pizza usando óculos e falando coisas sem nexo. Ele alcançou quase 100 mil visualizações no TikTok.
Você só descobre a qualidade de um trabalho acompanhando a pessoa por um tempo. Então, evite se consultar com qualquer um no desespero!
3. Cuidado com plataformas e apps
A terceira dica pode ser meio polêmica, mas aqui é um espaço pessoal onde sou livre para compartilhar as minhas experiências.
A maioria dos sites do tipo "catálogo de esotéricos" e aqueles aplicativos de atendimento rápido é CILADA.
Sim, existem pessoas boas atendendo nesse tipo de canal, mas, se eu pudesse recomendar, ainda assim não recomendaria.
Por que? Porque você não faz ideia de quem está te atendendo! Muitos desses sites e apps não colocam quase nada de informação sobre o profissional, nem sequer a foto e o nome verdadeiro. No lugar de pessoas reais, você é atendido por avatares. Aquelas fotos de místicos que parecem astros de cinema ou imagens do Pinterest, sabe? Tudo gerado por IA.
Sem contar que a esmagadora desses lugares cobra por minuto. Imagina que você, desconfiado, resolve comprar um pacote de 10 minutos de atendimento só para saber se aquela sua dúvida é SIM ou NÃO. Em 10 minutos, dá tempo do cartomante orar, mentalizar, se conectar com a sua energia, abrir as cartas, digitar e te dizer SIM ou NÃO. Só. Quer saber os motivos? Conselhos? Orientações? Procure um atendimento completo, de pelo menos 1 hora ou que não seja por minuto. Caso contrário, você sairá mais confuso, ansioso e tentado a pagar vários outros pacotes, gastando muito mais.
Se você seguir essas dicas, vai encontrar um profissional bom de verdade. Alguém que te ajude a encontrar as respostas para seus problemas. Um oraculista que traga insights e clareza para você trilhar um novo caminho!





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