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Cartomancia não é o que você pensa que é

  • Foto do escritor: Reduto Místico
    Reduto Místico
  • 17 de out.
  • 4 min de leitura
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Esses dias me deparei na internet com um artigo cujo tema era “cartomancia não é espiritismo”. E não é mesmo, porque cartomancia não tem nada a ver com religião. O problema não era essa afirmação, mas o que vinha depois.


"Jamais o médium espírita oferece seus recursos fixando cartazes na rua, distribuindo panfletos ou colocando anúncios em jornais, rádio ou televisão. Na Doutrina Espírita, o trabalho espiritual é feito com humildade, seguindo o preceito dos bons espíritos e de Jesus, que recomendou: dai de graça o que de graça recebestes".

Vamos entender melhor isso? Separar as coisas e usar o senso crítico do século vinte e um.


Cartomancia não tem nada a ver com mediunidade. Você pode ser cartomante e não ser médium, pode ser médium e não ser cartomante. Uma coisa não obriga a outra.


Cartomancia não é um espírito soprando no ouvido e trazendo mensagens. É o estudo dos símbolos e de como eles se manifestam na nossa vida. É a prática de usar oráculos de cartas para extrair insights, alertas e direcionamentos. É estudo, prática, observação. Não é um espírito ditando nada. Se fosse, nem precisaria de baralho.


Quando tiramos cartas, existe um trabalho de concentração e meditação. Cada um tem seu ritual pessoal, mas o que acontece é basicamente uma conexão energética entre o cartomante, o baralho e o cliente. A vibração do consulente, seus sentimentos, personalidade, qualidades, defeitos, dons e relacionamentos, tudo se manifesta nas cartas. Os símbolos refletem, ilustram, resumem o que a pessoa está passando. É como um espelho. É como traduzir o amálgama de energias e experiências da pessoa, que é algo invisível, em algo tangível.


Mediunidade é outra coisa. É a capacidade de sentir ou se comunicar com espíritos, entidades e seres de outros planos. Ela pode se manifestar de muitas formas: psicografia, projeção astral, ouvir vozes, ver espíritos...


Ler cartas não é um dom com o qual se nasce sabendo. É um estudo. E mesmo que fosse um “dom”, por que uma pessoa não poderia ganhar dinheiro com isso?


É um saco essa história de “dai de graça o que de graça recebestes”. Estamos no planeta Terra, no plano material, onde a gente precisa ganhar dinheiro para sobreviver. Precisamos de comida, roupas, remédios, educação, lazer, sustentar a família, cuidar dos pets etc. Por que não monetizar algo que se sabe fazer? De forma ética e honesta, claro.


Tem gente que monetiza a própria beleza. Tem gente que monetiza a capacidade de fazer boas piadas na hora certa. Tem gente que monetiza as próprias experiências de vida. Tem gente que monetiza opinião. Um jogador de futebol que tem talento desde criança pode enriquecer, mas um cartomante, um oraculista, um médium não pode. Por que raios o cartomante não pode cobrar pelo seu tipo de conhecimento?


"Ah, não se cobra por serviço espiritual." Peraí, cartomancia não é cura nem conversa com espíritos. Isso configura outros serviços. Mas, mesmo assim, imagine que uma pessoa trabalha o dia todo ajudando os outros, gastando energia e muitas vezes acaba até doente. Essa pessoa tem que passar fome para provar que não é charlatã?


A vida tem vários campos e todos têm suas respectivas profissões. O campo físico: médicos, nutricionistas, atletas etc. O campo mental: cientistas, psiquiatras, pesquisadores, físicos etc. O campo emocional: psicólogos, poetas, escritores, pessoas que trabalham para gerar lazer e diversão etc. E há o campo espiritual, que muitas vezes se confunde com o religioso. Esse é o único que não pode cobrar?


Antigamente, eu achava que era errado um médium cobrar, mas com o tempo percebi que essa ideia foi implantada na minha cabeça por determinadas religiões. Não faz sentido. As pessoas têm talentos, dons e capacidades variadas. Elas têm o direito de trabalhar com isso.


Inclusive, a cartomancia é uma profissão legalmente reconhecida no Brasil, com código na CBO. Ou seja, não estamos mais na Idade Média e o Brasil é um país laico. Você não precisa gostar do assunto, mas precisa respeitar.


Não confunda o trabalho sério de um cartomante com charlatanismo: prometer milagres e curas, dizer que entende do assunto quando não entende, enganar, cobrar valores absurdos.


Muita gente acha que o que não é científico, provado matematicamente, já configura charlatanismo. Mas essa não é a definição que consta no dicionário. Além disso, o ser humano é complexo e o mundo é misterioso. É ridículo que alguém tenha a pretensão de achar que sabe tudo sobre o universo, o que é certo e o que é errado. Como diria minha mãe: eu sou muito nova neste mundo, quem sou eu para dizer o que existe e o que não existe?


A verdade é que não importa se alguém acredita ou não em cartas, isso funciona e ajuda. Não importa se algumas pessoas ainda pensam, em 2025, que "cobrar é demoníaco e digno de uma passagem só de ida para o inferno". A maior parte delas nem sabe o que é cartomancia nem como funciona. Mas experimente dar uma olhada nos bastidores da vida de quem julga tanto os outros e você verá um show de hipocrisia, traições, golpes e maldades.


Se eu tenho esperança de que um dia a cartomancia será vista como uma atividade normal? Sinceramente, não muita.


Este mundo é muito preso à materialidade e à racionalidade. Tudo o que não é científico ou mensurável é ridicularizado. Mas eu sei que existem formas de conhecimento e de ajuda ao próximo que não se medem com fórmulas matemáticas.

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